quarta-feira, 26 de junho de 2013

"O Espírito de Equipe", Daniel Hirsh



Título: O Espírito de Equipe
Autor: Daniel Hirsh
Editora: Brasiliense

Voltando aos livros sobre vela, este trata de toda a preparação, organização e realização da regata Whitbread Round the World Race (hoje Volvo Ocean Race) de 1986 pelo tripulação do barco francês L´Esprit d´Équipe que sagrou-se campeão no tempo corrigido.
O livro foi escrito por um dos tripulantes do barco.
Li este livro faz muitos e muitos anos, na época achei maravilhoso, mas não me lembro bem o conteúdo.
Como provavelmente não o lerei tão brevemente, preferi colocar aqui mesmo que com poucas informações.
Aos que conhece algo de francês, segue a descrição do livro feita pela Amazon francesa:

"Portsmouth - 12 mai 1986 - 23 h 50. Pour la première fois un bateau français, L'Esprit d'Equipe gagne le Tour du Monde à la voile en équipage. Lionel Péan, le skipper et son équipage viennent de partager une année de préparation minutieuse et 8 mois de course intensive sur les 4 océans du globe. Comme les autres concurrents de la course, L'Esprit d'Equipe est une formule I de la mer destinée à aller toujours plus vite que ce soit dans les brumes et les icebergs du Pacifique, les tempêtes glacées de l'océan Indien ou dans les grains meurtriers de l'Equateur. Du jamais vu dans le sponsoring : Bull, une entreprise de 26 000 personnes confie à 10 marins son état d'esprit. Investi de cette confiance absolue, le groupe avait une double mission : gagner - ensemble. Partons avec Daniel Hirsch, tour à tour acteur et spectateur, plus connu à bord sous le nom de " Dan le marin ". Embarquons pour cette aventure passionnante, infernale et drôle, née dans un bistrot du pont de l'Alma, gagnée au large des trois caps et saluée au palais de l'Elysée."

É isto, pouco, mas fica a dica.
Boa leitura e bons ventos.


terça-feira, 25 de junho de 2013

"Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu", Andrea Wulf



Título: "Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu"
Autor: Andrea Wulf
Editora: Paz & Terra
  
A cada cento e poucos anos três corpos celestes - Sol, Terra e Vênus - se alinham, gerando o que ficou conhecido como Trânsito de Vênus. Na verdade o ciclo atual é de 105,5 anos, um intervalo de 8 anos e depois outro intervalo de 121,5 anos.
O último trânsito ocorreu em junho de 2004 e em junho de 2012, o próximo apenas em 2117 e 2125. Provavelmente que não viu estes dois últimos nunca mais verá. Eu fui um deles. Que não viu.
O trânsito é como que um eclipse, no qual Vênus passeia por dentro do Sol, o que dura em geral menos que 24 horas desde a entrada até a saída.
E por que um livro sobre isso?
Por que influenciou diversos ramos da ciência e principalmente moldou uma nova forma de se fazer ciência.
Este livro conta a história das duas passagens que ocorreram em 1761 e 1769, que foram previstas pelo famoso astrônomo Edmond Halley, que morreu antes delas ocorrerem, em 1742.
O interesse de Halley no Trânsito de Vênus surgiu de sua tentativa de calcular a distância entre o Sol e a Terra feita com base no transito de Mercúrio ocorrido em 1676. Halley observou que não conseguiria fazer esta medição com este planeta, mas que isto seria possível com Vênus.
De posse das previsões de Halley, diversos cientistas no mundo todo – no meio de guerras e outras disputas – buscaram diferentes localidades a fim de fazer as medições do tempo entre a entrada de Vênus no Sol, o trânsito e a saída.
Nesta busca - que envolveu vaidade, curiosidade, poder econômico, desenvolvimento científico e muita luta política - várias melhorias científicas ocorreram, tais como o desenvolvimento de melhores telescópios, as medições de localização de diversos pontos na Terra, estudos paralelos de botânica, geografia, cartografia, e outros.
A Royal Society, bem como outras sociedades científicas, mandaram representantes para estas locações, em aventuras às vezes mal sucedidas.
O resultado final da tentativa de 1761 não foi muito bom, devido a imperfeições nas medições, ao mal tempo, e à grande variação obtida nos resultados.
Novamente em 1769 a ideia foi encampada por diversos governantes, dente eles o Rei da Inglaterra e Catarina da Rússia, os quais financiaram novas viagens novamente com fins científicos e para reafirmar a grandeza dos reinos.
Dois fatos interessantes. Nesta ocasião ocorreu a primeira viagem do Capitão Cook, tendo chegado ao Taiti – então não conhecido – para fazer as medições.
E o outro fato foi a vida de um sujeito chamado Guillaume Le Gentil, ele participou das duas expedições, viajou por 8 anos no total, foi declarado morto, perdeu esposa e bens, e no final não conseguiu fazer a medição em nenhuma das duas oportunidades. Foi um cara extremamente azarado, sem nunca ter desistido (pelo menos é o que pareceu no livro, mas quero ler alguma biografia dele, deve existir, seria imperdível).
O livro é muito bom, fácil de ler e interessante, além de mostrar como eram as relações entre ciência e política.

Boa leitura e bons ventos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Longitude", Dava Sobel



Título: "Longitude"
Autor: Dava Sobel
Editora: Companhia das Letras

Comprei este livro na Amazon faz um tempo, e li no ano passado. Quando resolvi escrever sobre ele - não sei por qual razão - dei uma olhada no Buscapé e tive a boa surpresa de ver que o livro fora traduzido e lançado no Brasil pela Companhia das Letras, dentro da coleção Companhia de Bolso.
Este pequeno livro conta a história das dificuldades existentes no passado para se determinar a Longitude no mar e a longa e violenta busca pela solução deste problema.
Em 1714 o Parlamento Inglês criou o por meio do chamado Parliament Act o Board of Longitude e ofereceu um vultoso prêmio para que descobrisse um método simples e prático para determinação da longitude de uma embarcação no mar.
Dois homens se destacaram na busca por esta solução, o relojoeiro John Harrison  e  o então Astrônomo Real que administrava o Observatório Real de Greenwich, chamado Nevil Maskelyne.
John Harrison  levou mais de 50 anos trabalhando na construção do cronômetro quase perfeito. A cada um  que ele criou passaram-se até 10 anos de trabalho intenso na tentativa de melhorar o anterior.
Já Nevil Maskelyne defendia o método lunar para a definição da longitude como sendo o mais preciso, alegando que os cronômetros de John Harrison eram imprecisos. Neste livro Nevil Maskelyne é retratado meio que como um vilão, contudo, em outro livro que li, que trata da corrida pra medir a distância entre a Terra e o Sol, ele é retratado como um grande cientista.
Bem, em resumo, um belo livro que conta a história de uma aventura científica que revolucionou a navegação ao dar uma precisão até então inexistente.
Boa leitura e bons ventos !

Ps.: dei uma pesquisada na Amazon sobre outros livros do Dava Sobel e acabei achando um filme com o Jeremy Irons sobre o livro Longitude, vejam em:
http://www.amazon.com/Longitude-Michael-Gambon/dp/B00004U2K1/ref=sr_1_7?ie=UTF8&qid=1372249555&sr=8-7&keywords=dava+sobel

Outros dois livros dele que me pareceram interessantes foram: "A More Perfect Heaven: How Copernicus Revolutionized the Cosmos" e "Galileo's Daughter: A Historical Memoir of Science, Faith, and Love".

sexta-feira, 7 de junho de 2013

"A Voyage for Madmen", Peter Nichols



Título: "A Voyage for Madmen"
Autor: Peter Nichols
Editora: Harper Perennial

Aproveitando minha animação em fazer os últimos posts, agora vou falar de um livro que não li (mais um) e que me foi indicado como sendo um dos melhores sobre a histórica e fatídica Golden Globe Challenge de 1968.
Já falei rapidamente sobre esta regata quando escrevi  sobre o livro "O Longo Caminho" do Bernard Moitessier, que foi um dos participantes.
A Golden Globe foi a primeira regata de volta ao mundo sem escalas e em solitário, dela participaram nove competidores:

Robin Knox-Johnston, com o veleiro Suhaili, único a terminar e ganhador da regata.
Alex Corozzo, com o Gancia Americano.
John Ridgway, com o English Rose IV.
Chay Blyth, com o Dyticus.
Loïck Fougeron, com o Captain Browne.
Leslie King, com o Galway Blazer II.
Nigel Tetley, com o Victress.
Bernard Moitessier, com o Joshua.
Donald Crowhurst, com o Teignmouth Electron, que desapareceu no mar.

Numa época em que não havia eletrônica embarcada, e que apenas alguns barcos possuíam um simples rádio, a luta destes homens para conseguir realizar esta circunavegação sem escalas foi trágica e permeada de sacrifícios e sofrimentos.

Quer dizer, talvez não para o Bernard Moitessier, pois apesar de alguns grandes problemas, no final das contas a viagem dele não teve nada de trágica, pelo contrário, ele gostou tanto que não quis terminar a viagem e seguiu em frente.

Mas a história individual de cada um destes velejadores daria um livro, e de fato algumas delas deram ótimos livros, às vezes escritos pelos próprios, às vezes escritos por outros.

A vida de Peter Nichols, autor do "A Voyage for Madmen", já é por si só uma bela história, tendo feito os mais diversos tipos de trabalho, escrito roteiros par ao cinema, morado em um veleiro e navegado bastante, vindo a se tornar um escritor de relativo sucesso, e professor universitário de "escrita criativa" (aqui no Brasil não é muito comum, mas nos EUA há uma longa tradição de cursos sérios para se aprender a escrever, normalmente chamados de "creative writing").

Alguém já leu?
Aos que quiserem o livro está disponível na Amazon.
Não achei nada do Peter Nichols em português, mas outro livro dele que pode interessar é o "Sea Change: Alone Across the Atlantic in a Wooden Boat", que como o título diz, conta a história da travessia do Atlântico que ele fez em solitário em um barco de madeira. Não sei se foi nesta travessia, mas na última delas ele naufragou.

Boa leitura e bons ventos!




quinta-feira, 6 de junho de 2013

"A Pior Viagem do Mundo", Apsley Cherry-Garrard



Título: "A Pior Viagem do Mundo"
Autor: Apsley Cherry-Garrard
Editora: Companhia das Letras

Li este livro logo após a leitura do "O Ultimo Lugar da Terra - A Competição Entre Scott e Amundsen pela Conquista do Polo Sul", do Roland Huntford.
Como eu havia falado, pela leitura deste livro do Huntford eu me tornei um forte adepto de Amundsen (era o Fla x Flu da chegada ao Polo Sul: Scott x Amundsen).
Mas como tempo e com a leitura de outras fontes eu hoje tenho minhas dúvidas sobre as tão alardeadas deficiência do Scott.
Apsley Cherry-Garrard, autor do livro em comento, participou com apenas 24 anos ativamente da expedição Terra Nova em que Scott morreu, tendo conseguido sobreviver por não ter participado com Scott do ataque ao Polo.
O livro trás uma visão diferente sobre Scott e sobre as grandes dificuldades que ele teve em sua viagem.
Diferentemente do Huntford que é um escritor e que não esteve presente nas expedições, Cherry-Garrard viveu cada minuto das experiências no Polo, e as descreve em primeira pessoa, como fonte primária.
Contudo, nunca se deve acreditar piamente em fontes primárias, o ser humano não é muito confiável quando conta histórias sobre si próprio.
De toda forma, o livro é muito bom e bem escrito.
Foi considerado pela National Geographic como o primeiro entre os melhores cem livros sobre aventuras e expedições já escritos.
Quem tiver curiosidade sobre as diferenças entre as expedições de Scott e Amundsen, sugiro além da leituras dos dois livros acima citados que deem uma olhada neste link da wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Comparison_of_the_Amundsen_and_Scott_Expeditions

Boa leitura e bons ventos !





"Aventuras no Mar", Helio Setti Jr



Título: "Aventuras no Mar"
Autor: Helio Setti Jr.
Editora: L&PM

Hélio Setti Jr. morreu em 1994, aos 39 anos. Difícil começar a ler um livro sabendo de antemão a morte absurda e repentina do protagonista. Pior, de um protagonista que durante a leitura deixa de ser o autor de um livro sobre sua viagem e passa a ser como que um amigo.
O subtítulo do livro é "Andanças, amores e peripécias de um velejador boa-praça". De fato após a leitura do livro, não há uma definição do Hélio melhor do que chamá-lo de boa-praça.
Engraçado como mesmo sabendo durante a leitura que o Hélio havia falecido, como torcemos a todo momento por ele, como vivemos junto com ele suas aventuras, como sentimos em certos momentos suas sensações.
O livro não trata de nenhum grande navegador, de nenhum grande homem que tenha conseguido algum grande feito. Não. O livro trata de um cara gente boa que sai pelo mundo velejando, que tem uma grande sensibilidade, uma verdadeira curiosidade e uma humanidade acima da média.
Não esperem grandes revelações, nem instruções de vela e de navegação, mas talvez uma aula de vida.
Seus encontros com populações nativas de diversos lugares no Pacífico mostra um respeito pelas pessoas que raras vezes encontramos. Repetindo, humanidade.
E além disto com boas histórias das viagens, com sustos homéricos, com grande respeito ao mar e o amor ao barco dele, o Vagau ("O Vagabundo"), como ele chamava.
Um livro que vale cada segundo a leitura, que se termina com o coração apertado, por saber que o Hélio não está mais entre nós.
Boas leituras e bons ventos.