segunda-feira, 29 de abril de 2013

"O Último Lugar da Terra", Roland Huntford



Título: "O Último Lugar da Terra"
Autor: Roland Huntford
Editora: Companhia das Letras

Este é um dos melhores livros que li nos últimos tempos, não apenas por contar a história da primeira expedição que alcançou o Polo Sul geográfico, mas por descrever a disputa entre dois grandes homens pelo mesmo objetivo, fazendo ainda um panorama geral das expedições à Antártica.
Logo de início saliento que sou suspeito acerca das minhas opiniões sobre livros relativos à Antártica, pois desde criança sou um apaixonado por este continente. Fiz inclusive uma viagem para lá em 2009, saindo de Ushuaia. Resumindo, foi inesquecível.
Curiosidade: o barco que fui, chamado "Lyubov Orlova", é hoje considerado um barco fantasma vagando pelo Atlântico Norte, uma história fantástica, vejam em: http://whereisorlova.wordpress.com/
Voltando ao livro, ele conta a história da disputa para ser o primeiro homem a chegar ao Polo Sul empreendida entre o inglês Robert Falcon Scott e do norueguês Roald Amundsen.
O livro detalha desde a preparação, que foi muito importante, até a jornada final no gelo, conseguindo numa prosa muito agradável descrever todo o esforço feito por homens em condições extremas, sem quase nenhuma das tecnologias que conhecemos hoje em dia.
Uma ressalva, o autor toma fortemente partido de Amundsen nesta história, chegando às vezes a ridicularizar Scott. Todavia, algumas outras fontes dão uma ideia bem diferente de quem foi Scott, de que apesar do resultado desta disputa, ele teria sido um grande homem, sendo até hoje reverenciado na Inglaterra.
Engraçado, eu passei a respeitar mais o Scott após ler um livro que não tem nada a ver com a Antártica, mas que nos faz conhecer melhor a alma inglesa, pelo menos do início do século vinte. Este livro foi o "Lord Jim" do Conrad, que, lógico, recomendo a leitura.
De qualquer forma, Amundsen passou a ser um exemplo para mim após ler este livro. Uma força de vontade enorme aliada a uma grande capacidade de planejamento.
Além disto, ele demonstrou ter grande humildade para entender que precisava aprender habilidades específicas para sua viagem com que as dominava, não tendo a prepotência de achar que sabia mais que outras pessoas, mesmo que mais simples que ele.
O livro traça a fotografia de um grande homem.
Vale muito a leitura.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Complete Illustrated Sailboat Maintenance Manual", de Don Casey



Título:"Don Casey's Complete Illustrated Sailboat Maintenance Manual: Including Inspecting the Aging Sailboat, Sailboat Hull and Deck Repair, Sailboat Refinishing, Sailbo"
Autor: Don Casey
Editora: International Marine/Ragged Mountain Press

Já modificando minha ideia inicial de primeiro falar de cada um dos livros que tenho, para então me aventurar pelos que além de não ter lido, ainda não comprei, este post é sobre um livro que achei na Amazom, não me recordo bem como, mas que me pareceu interessante.
Muito embora eu não seja a pessoa mais capacitada do mundo para fazer manutenções, reparos e construções, sou fascinado com metodologias, equipamentos e, principalmente, funcionamento de qualquer coisa.
Talvez por isto que gostei tanto deste livro, ele trás um apanhado geral sobre todas as partes de um veleiro que estão sujeitas à manutenção, como fazê-la, dicas, etc.
A graça do site da Amazom é que você consegue não só ver o sumário do livro, mas também partes do texto. Além disso, têm os comentários e as avaliações feitas pelos leitores.
Tudo bem que estas avaliações nem sempre retratam a nossa realidade, pois são feitas em geral por americanos e, principalmente, são às vezes feitas mediante certos “agrados”, como já divulgado pela imprensa americana. Mas o que importa é que acaba sendo uma boa referência para o livro, se não tivermos outra.
Enfim, um livro que me atrai pelo assunto, pelo formato e pelo conteúdo disponibilizado.
O autor escreveu diversos outros livros, todos nesta linha do “faça você mesmo” e todos ligados a barcos.
Se alguém se interessar, o link na Amazom é este aqui.
Não custa perguntar, Alguém conhece o livro ou o autor?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fontes


Estava aqui pensando com meus botões: quais são minhas fontes para este blog?
De onde tiro a ideia para os livros?
Bem, os dois primeiros são fáceis, eu acabei de lê-los. Se bem que o do Moitessier eu já havia lido faz uns 20 anos.
E agora, quais livros colocar?
Tenho em casa pelo menos uns 30 livros ligados a viagens e expedições marítimas. Meu caminho será por estes livros.
Mas prevejo que no meio desta lista acabarei achando outros livros. Alguns por indicação feita pelos próprios autores dos livros que leio, o Moitessier indica vários livros no “O Longo Caminho”, outros por curiosidade pura e simples, meio que por esbarrão.
Além disto, tenho uma lista de livros para comprar que serão objeto deste blog, a maioria em português, mas um bom tanto achado na Amazom em inglês.
E fica a ideia de qualquer pessoa que leia este blog que indicar algum livro para eu colocar aqui, é só mandar no campo dos comentários.

"O Longo Caminho”, de Bernard Moitessier




Título: “O Longo Caminho”
Autor: Bernard Moitessier
Editora: Edições Marítimas

Este livro, junto com o anteriormente postado, completa o dueto de maiores clássicos contemporâneos da literatura náutica.
Como li em algum lugar, Bernard Moitessier é o herói dos cruzeiristas, enquanto Eric Tabarly seria o herói dos regatistas.
Classificações à parte, “O Longo Caminho” além de muito bem escrito nos conta a participação do autor na primeira regata de volta ao mundo sem escalas e em solitário, a Golden Globe Challenge, e sua posterior desistência de concluí-la para terminar de outra forma sua jornada, ou como ele se refere, seu longo caminho, indo para o Tahiti.
Nesta viagem ele saiu em solitário de Plymouth na Inglaterra e nos dez meses seguintes, sem nenhuma escala, passou pelo Cabos da Boa Esperança na Africa do Sul, depois atravessou o Índico e cruzou o Cabo Leeuwin na Austrália, atravessou o Pacífico e cruzou o Cabo Horn, depois o Atlântico Sul e novamente o Cabo da Boa Esperança, o Índico, o Cabo Leeuwin e por fim, terminou a viagem no Tahiti.
O livro começa de forma mais técnica, com os preparativos e com os detalhes do início da viagem. No decorrer dos meses que duraram a viagem, o autor passa a demonstrar cada vez mais desgosto com a sociedade ocidental, terminando por desistir da regata e partir para a Ilha de Moorea no Tahiti, por isto a segunda passagem no Cabo da Boa Esperança e no Leeuwin.
O autor provavelmente seria o ganhador da regata, pois estava à frente do segundo colocado que acabou ganhando, Robert Knox-Johnston, o qual tinha partido alguns dias antes, por ter um barco menor.
Embora o autor faça referencia a si próprio como sendo pouco técnico, como mais ligado à natureza e a seus instintos, conversando e cativando os bichos pelo caminho, ele demonstra que fez o planejamento da viagem com muito cuidado, tendo um conhecimento bastante acurado do regime de ventos e dos mares de todas as regiões que passou.
A leitura é muito agradável, com muitas informações técnicas aproveitáveis, tendo inclusive um anexo técnico ao final.
Da mesma forma que Eric Tabarly, o barco de Bernard Moitessier se tornou um ícone da navegação.
Batizado de Joshua, em homenagem ao Capitão Joshua Slocum, que fez a primeira circunavegação solo da história, era um barco construído em aço, de aproximadamente 39 pés, com dois mastros.
Durante sua viagem capotou quatro vezes, sem grandes prejuízos.
Além de tudo, era um belo barco.




quarta-feira, 24 de abril de 2013

'Memórias do Mar", de Eric Tabarly



Título: Memórias do Mar
Autor: Eric Tabarly
Editora: Edições Marítimas

Este certamente é um dos grandes clássicos da literatura náutica, pelo menos da literatura náutica contemporânea.
O francês Eric Tabarly foi um dos maiores velejadores de todos os tempos, tendo participado e se sagrado campeão de várias regatas solo de longa distância, tais como a Transat, a Sydney-Hobart e a Fastnet, entre outras.
Seus feitos e sua personalidade impulsionaram uma geração de franceses para o esporte. Seus barcos, quase todos batizados de Pen Duick, tornaram-se quase mitológicos.

Neste livro de teor bibliográfico ele conta a história de sua vida, com algumas longas passagens descrevendo suas regatas e as dificuldades em levantar dinheiro para construir e reformar seus barcos. Ele se declara em diversas situações tendo como único interesse na vida as regatas e os barcos.

Quando mais velho, casa-se e tem uma filha, mas continua a velejar esportivamente.
Morreu em 1998 ao ser jogado ao mar em uma regata. Ele nunca usava cinto de segurança.
Quanto ao livro em si, não é uma grande peça de literatura, mas é uma leitura imperdível.

O começo

Já tive diversos interesses na minha vida. Alguns passaram rápidos, outros duraram diversos anos.
Mas quando olho com cuidado para trás vejo que apenas duas coisas se mantiveram naquela região de nossas mentes em que sempre estamos em contato, ainda quando o foco é outro.
Estas duas coisas são meus interesses pela literatura e pelo mar.
Meu gosto pelo mar é anterior à literatura, também pudera, um moleque de pouca idade não vê muita graça em livros, embora eu devorasse gibis.
E eu vivia em Angra dos Reis: pescava, velejava, mergulhava, vivia num barco (no caso num bote minúsculo). Minha mão cheirava a peixe o tempo todo.
Já meu interesse pela literatura, pode-se dizer, nasceu do mar, pois meus primeiros dois livros - ambos ainda comigo - foram um manual de pesca de linha e um livro sobre caça submarina, eu li os dois milhares de vezes.

Desde então muitos livros e muitas histórias se passaram, interesses paralelos e mudanças de rumos.
Daí que resolvi criar este blog, uma tentativa de conjugação de gostos: o mar e a literatura.
Minha ideia não é aqui tratar apenas de livros ligados ao mar, mas este é o ponto de partida.
Eventualmente comentarei sobre outros assuntos e sobre outros interesses.

Faço apenas uma ressalva: não sou crítico, não sei fazer crítica literária. Sou apenas uma pessoa que adora ler e que pretende com este blog dividir algumas migalhas.
E também não li todos os livros que pretendo colocar aqui, pelo contrário.

Como diz um grande amigo: "algumas coisas nós sabemos como começa, mas nunca como acaba...".

Espero que a viagem seja boa.