terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Caixa d'água que só enche

Andei pensando em acabar com este blog. Fazia algum tempo que eu não postava nada aqui. Como já falei outras vezes, fico meio sem graça de escrever sobre livros que ainda não li, mesmo quando eu os conheça um pouco, mas é uma coisa meio sem sentido, elogiar/criticar algo que não se conhece.
Mas daí sempre vem a lembrança de que comecei este blog não para fazer resenhas sobre livros, pois além de eu não ter muito senso crítico, eu já percebi que não consigo muito bem passar meus sentimentos sobre uma leitura para o papel, no caso para o computador.
Eu comecei este blog para servir de repositório de livros sobre o mar, de forma geral.
Desde muito moleque - bem antes da internet - que eu sempre gastei tempo procurando livros de meu interesse. E a literatura náutica sempre esteve no centro de meus interesses, mas nem sempre foi fácil achar bons livros, muito menos selecioná-los.
Por isto continuarei com este blog, para quem sabe um dia ajudar pelo menos um perdido na rede que queira ler um bom livro sobre o mar e que não consiga encontrá-lo.
Mas hoje, como tem sido o costume nos últimos tempos, não falarei de um livro que acabei de ler, pois faz um bom tempo que não leio nada ligado ao mar.
Hoje falarei de minha lista de livros comprados e não lidos, lista que é como uma caixa d'água que só enche. Cada dia aumenta mais e não vejo a menor perspectiva de vê-la diminuir.
Neste final de ano, aproveitando o décimo terceiro e a desculpa de presentear-me, comprei alguns livros que faz um tempo eu estava querendo.
Noves fora temas que não tem nada a ver com este blog, comprei três livros que cabem bem no que aparece por qui.
São eles:

O MOTIM NO BOUNTY - A história trágica de um confronto em alto-mar
De Caroline Alexander

NO CORAÇÃO DO MAR - A história real que inspirou o Moby Dick de Melville
De Nathaniel Philbrick

ABAIXO DA CONVERGÊNCIA - Expedições à Antártica 1699-1839
De Alan Gurney

Como falei, ainda não li nenhum deles.
Mas todos me parecem bem legais.
Agora só me falta tempo...para ler e depois para comentar.

Bons ventos e boa leitura a todos !

Abaixo a descrição dos livros constante no site da editora:

O MOTIM NO BOUNTY
Dezembro de 1787. O HMS Bounty parte para o Pacífico Sul com a missão de buscar mudas de fruta-pão para alimentar os escravos das colônias do Caribe. Abril de 1789. No caminho de casa, após uma estadia no Taiti, o segundo-em-comando Fletcher Christian e seus adeptos lançam ao mar o capitão William Bligh e mais dezoito homens, com comida para cinco dias, num escaler de pouco mais de sete metros.
Enquanto o capitão navegava de volta para a civilização, Christian conduzia os amotinados ao Taiti e em seguida à remota ilha Pitcairn, onde, depois de queimar e afundar o navio, estabelece uma comunidade. Quando Bligh chega à Inglaterra, arma-se uma esquadra para capturar os amotinados e submetê-los a julgamento.
Ao longo dos anos, o motim teve inúmeras explicações. Talvez por influência - à época - das famílias dos principais personagens e, depois, de autores que preferiram se limitar a estereótipos, a história costuma ser contada como uma simples contenda entre as personalidades-chave.
Em O motim no Bounty, Caroline Alexander revisita os acontecimentos, contesta simplificações e nos oferece uma profusão de novos elementos, apoiada em meticulosas evidências documentais. Mais do que recontar as aventuras, ela contextualiza os fatos e reflete sobre as motivações de cada personagem. O resultado é um painel vívido, fascinante, de vários aspectos da sociedade inglesa do fim do século XVIII, particularmente dos ligados à vida dos homens do mar.
A saga do Bounty teve várias adaptações para o cinema, com Clark Gable, Marlon Brando e Mel Gibson no papel do rebelde Christian.

NO CORAÇÃO DO MAR
Em 1820, o baleeiro Essex foi atacado por um cachalote enfurecido e afundou rapidamente. Nunca se imaginara que uma baleia pudesse reagir aos pescadores que a perseguiam. O que se seguiu ao naufrágio foi uma longa provação pelas águas do Pacífico: amontoados em três botes, os marujos navegaram durante três meses, experimentando os horrores da inanição e da desidratação, da doença, da loucura e da morte, chegando à prática do canibalismo.
O episódio, que inspirou Herman Melville a escrever Moby Dick, ficou registrado em relatos feitos pelos sobreviventes. Baseado em ampla pesquisa e fontes inéditas, o historiador Nathaniel Philbrick reconstitui todos os detalhes da tragédia, dando vida aos testemunhos com seu vasto conhecimento em assuntos marítimos. Dos meandros da economia baleeira às técnicas de navegação a vela e o comportamento das baleias, No coração do mar reúne informações minuciosas sobre cada aspecto da história. Uma aventura que desafia o leitor a refletir sobre os limites da capacidade de sobrevivência humana.


ABAIXO DA CONVERGÊNCIA
A Convergência é uma linha que, a cerca de 800 milhas da Antártica, divide o hemisfério sul em duas regiões de climas opostos: de um lado, as terras temperadas do mundo "civilizado"; de outro, o inferno gelado descrito por Dante. Neste livro, Alan Gurney conta as viagens dos navegadores que se aventuraram abaixo da Convergência quando a Antártica ainda não havia sido descoberta e era apenas uma área gigantesca na imaginação dos europeus.
Durante séculos acreditou-se que no Pacífico Sul existia um continente de proporções asiáticas, habitado por milhões de nativos. Em 1768, quando o explorador James Cook zarpou da Inglaterra a bordo do Endeavour, tinha o objetivo de verificar até que ponto essa fantasia correspondia aos fatos. Tudo o que avistou foram algumas ilhas. Se havia ali um continente, era definitivamente bem menor do que se esperava.
Houve centenas de tentativas de atingir a terra mais ao sul do planeta - e o custo das descobertas foi alto. Capitães intrépidos e marujos que muitas vezes não passavam de adolescentes enfrentavam, por exemplo, muralhas de icebergs, tempestades que surgiam do nada, o terrível escorbuto (que dizimava tripulações inteiras) e mesmo o canibalismo de algumas tribos do Pacífico Sul. Feitas à custa de sangue, determinação e valentia, foram viagens que puseram no mapa um lugar fantástico onde hoje há cientistas tomando café em suas bases ao longo da costa e, às vezes, até turistas fotografando pingüins.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Novas compras

Do fundo de minha dificuldade de escrever aqui (preguiça + falta de tempo = impossibilidade) eu vou postar os últimos dois livros que acabei de encomendar na Amazon:

"The Man Who Challenged America: The Life and Obsession of Sir Thomas Lipton", Laurence Brady

"A Voyage for Madmen", Peter Nichols

Vamos ver o que acharei deles, mas acho que vai demorar também para eu ler os dois, pois a falta de tempo se reflete nisto também...ó vida !

Bons ventos !

terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Damien - do Spitsberg ao Cabo Horn", de Gérard Janichon



Título: Damien - do Spitsberg ao Cabo Horn
Autor: Gérard Janichon
Editora: Edições Marítimas LTDA

Após um bom tempo sem conseguir escrever aqui, parte em razão de minha preguiça congênita, parte em razão de eu estar de fato muito atarefado no trabalho ou correndo atrás de minha filha em casa, aqui estou novamente.
Terminei de ler “Damien - do Spitsberg ao Cabo Horn”, do Jerôme Poncet e do Gérard Janichon, ou como também é conhecido Damien I, pois existe o II e o III.
Este livro conta a história de dois franceses (três no início) colegas de escola que aos 17 anos decidem construir um veleiro para dar a volta ao mundo.
Foi um projeto de cinco anos, no qual eles trabalharam e estudaram para conseguir dinheiro para realizar o sonho deles, que ao final - com muita ajuda e esforço - foi possível.
Interessante que o autor, Gérard Janichon, não tinha a menor familiaridade com veleiros, e começou a viagem com ainda pouco experiência, já o outro tripulante, Jerôme Poncet, era uma velejador com alguma experiência, pois desde novo velejava com seu pai.
Eles saíram de La Rochelle na França em 1969 com rumo para a ilha de Spitsberg, no território ultramarino de Svalbard na Noruega, já dentro do Circulo Polar Ártico. De lá passaram pela Islândia, perto da Groelândia, Estados Unidos, Antilhas e depois pelo Brasil.
No Brasil ficar um bom tempo na Amazônia, depois Fortaleza, Rio de Janeiro, Ilha Grande e por fim desceram até Buenos Aires, para então chegarem ao Cabo Horn, terminando esta etapa da viagem em Ushuaia.
O livro não é muito técnico com respeito à vela, propriamente dita, é mais um relato de viagem com foco nas emoções dos viajantes do que na técnica. O autor dedica um bom tempo descrevendo a Amazônia, local que eles apreciaram muito, tendo inclusive contato com caboclos amazonenses que viviam em locais bem retirados.
É interessante a visão de dois franceses sobre o Brasil do início da década de 70, pós Copa do Mundo, no meio da ditadura. Uma das coisas que mais chamou atenção deles foi a corrupção dos agentes de alfandega e portuários.
Outra parte bem interessante no livro é a emoção deles quando passam pelo Cabo Horn, tendo conseguido fazer a passagem de leste para oeste, com tempo bom, e sem muita cerração.
Um outro fato que chamou minha atenção e que eu já havia comentado aqui é que a tradutora deste livro, Carmen Ballot, que traduziu vários outro livros desta editora, é uma das personagens do livro.
Ela morava na Ilha Grande na época e era casada com um jornalista francês que os autores visitaram.
Da mesma forma ocorreu no livro do Eric Tabarly. Ela foi tradutora e personagem, pois quando ele esteve no Brasil ele foi até a casa dela na Ilha Grande, tem inclusive fotos no livro.
Esta mulher deve ter sido uma pessoa interessante.
Agora quero ler os outros dois livros deles, depois posto mais aqui.
Bons ventos e boa leitura!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

"Navegação: A Ciência e a Arte", Altineu Pires Miguens

Título: "Navegação: A Ciência e a Arte"
Autor: Altineu Pires Miguens
Editora: Marinha do Brasil

Novamente, e involuntariamente, o Cusco Baldoso vem me salvar da falta de tempo e de imaginação que vez e outra me assola (vez em sempre?).
Eu já conhecia este manual de navegação chamado “NAVEGAÇÃO: A CIÊNCIA E A ARTE” e disponibilizado a todos pela Marinha do Brasil em três volumes. 
Das partes que li, achei muito completo e bem escrito, provavelmente com muito mais informação do que o necessário para qualquer mortal navegador esportista.
É manual de navegação dos mais completos que se tem notícia na nossa língua, nas palavras do próprio autor o Comandante Altineu Pires Miguens: “O Manual consistiria, basicamente, na compilação dos trabalhos anteriormente mencionados, atualizados e enriquecidos com elementos obtidos das últimas edições das melhores obras disponíveis, como o AMERICAN PRACTICAL NAVIGATOR (BOWDITCH), o DUTTON'S NAVIGATION AND PILOTING, o ADMIRALTY MANUAL OF NAVIGATION, o MANUAL DE NAVEGAÇÃO DO INSTITUTO HIDROGRÁFICO DE PORTUGAL, o COURS D'ASTRONOMIE-NAVIGATION DE L'ÉCOLE NAVALE e o MANUAL DE NAVEGACIÓN DEL INSTITUTO HIDROGRÁFICO DE LA ARMADA DE CHILE, além de outros compêndios e publicações, alguns já editados pela própria DHN”.
Em suma, nestes três volumes estão reunidas informações de grande relevância para qualquer navegador, há material para muito estudo e muita pesquisa.
Façam bom uso.
E respeitemos a fonte, ainda mais por se tratar de uma obra disponível gratuitamente ao público.

Aproveito ainda para dar meus parabéns à Marinha do Brasil por mais esta publicação.

Link:



segunda-feira, 15 de julho de 2013

"No Coração do Mar", Nathaniel Philbrick




Título: "No Coração do Mar"
Autor: Nathaniel Philbrick
Editora: Companhia das Letras

O subtítulo deste livro é "A história real que inspirou o Moby Dick de Melville", então, em homenagem ao último post, trago este livro que não li, não conheço, nem sei de onde veio...
E para concretizar o cúmulo da preguiça, segue a resenha obtida no site da Companhia das Letras.

"Em 1820, o baleeiro Essex foi atacado por um cachalote enfurecido e afundou rapidamente. Nunca se imaginara que uma baleia pudesse reagir aos pescadores que a perseguiam. O que se seguiu ao naufrágio foi uma longa provação pelas águas do Pacífico: amontoados em três botes, os marujos navegaram durante três meses, experimentando os horrores da inanição e da desidratação, da doença, da loucura e da morte, chegando à prática do canibalismo. 
O episódio, que inspirou Herman Melville a escrever Moby Dick, ficou registrado em relatos feitos pelos sobreviventes. Baseado em ampla pesquisa e fontes inéditas, o historiador Nathaniel Philbrick reconstitui todos os detalhes da tragédia, dando vida aos testemunhos com seu vasto conhecimento em assuntos marítimos. Dos meandros da economia baleeira às técnicas de navegação a vela e o comportamento das baleias, No coração do mar reúne informações minuciosas sobre cada aspecto da história. Uma aventura que desafia o leitor a refletir sobre os limites da capacidade de sobrevivência humana."

Quem se arriscar me avise.
Boas !

"Moby Dick", Herman Melville



Título: Moby Dick
Autor: Herman Melville
Editora: "Várias"

A ideia aqui foi tentar dar uma ressuscitada no blog, pois em razão de questões pessoais fiquei impossibilitado de escrever por estes dias. E agora estou tentando me livrar do raio da inércia, que quando pega é sempre complicado.
Então vamos lá, sem muita qualidade, sem muitas lembranças fáticas, mas com uma lembrança emocional (não é que sempre fica?) muito forte.
Li Moby Dick faz muitos anos, não me lembro dos detalhes do texto mas à época pareceu-me uma leitura menos difícil do que ouvia dizer.
Uma coisa que nunca me esqueci foram das primeiras frases do livro, que sinceramente ficam melhor no original:

"Call me Ishmael. Some years ago - never mind how long precisely - having little or no money in my purse, and nothing particular to interest me on shore, I thought I would sail about a little and see the watery part of the world."

A história, em grande resumo, é contada por um pescador de baleias (cachalotes) chamado Ishmael, que embarca como tribulante no baleeiro Pequod, cujo capitão, Ahab, tem como objetivo de vida se vingar do grande cachalote (monstro) branco chamado Moby Dick que lhe arrancara a perna.
O livro conta histórias sobre as pescas de baleias, sobre o quotidiano desta vida no mar, com bastante detalhes, terminando pelo encontro e a batalha com o grande monstro branco.
Muitas interpretações filosóficas forma feitas sobre este livro, não é por nada que se tornou um clássico da literatura norte-americana.
Vale a leitura, além de um clássico, é um livro muito rico.

Boas leituras e bons ventos !



quarta-feira, 26 de junho de 2013

"O Espírito de Equipe", Daniel Hirsh



Título: O Espírito de Equipe
Autor: Daniel Hirsh
Editora: Brasiliense

Voltando aos livros sobre vela, este trata de toda a preparação, organização e realização da regata Whitbread Round the World Race (hoje Volvo Ocean Race) de 1986 pelo tripulação do barco francês L´Esprit d´Équipe que sagrou-se campeão no tempo corrigido.
O livro foi escrito por um dos tripulantes do barco.
Li este livro faz muitos e muitos anos, na época achei maravilhoso, mas não me lembro bem o conteúdo.
Como provavelmente não o lerei tão brevemente, preferi colocar aqui mesmo que com poucas informações.
Aos que conhece algo de francês, segue a descrição do livro feita pela Amazon francesa:

"Portsmouth - 12 mai 1986 - 23 h 50. Pour la première fois un bateau français, L'Esprit d'Equipe gagne le Tour du Monde à la voile en équipage. Lionel Péan, le skipper et son équipage viennent de partager une année de préparation minutieuse et 8 mois de course intensive sur les 4 océans du globe. Comme les autres concurrents de la course, L'Esprit d'Equipe est une formule I de la mer destinée à aller toujours plus vite que ce soit dans les brumes et les icebergs du Pacifique, les tempêtes glacées de l'océan Indien ou dans les grains meurtriers de l'Equateur. Du jamais vu dans le sponsoring : Bull, une entreprise de 26 000 personnes confie à 10 marins son état d'esprit. Investi de cette confiance absolue, le groupe avait une double mission : gagner - ensemble. Partons avec Daniel Hirsch, tour à tour acteur et spectateur, plus connu à bord sous le nom de " Dan le marin ". Embarquons pour cette aventure passionnante, infernale et drôle, née dans un bistrot du pont de l'Alma, gagnée au large des trois caps et saluée au palais de l'Elysée."

É isto, pouco, mas fica a dica.
Boa leitura e bons ventos.


terça-feira, 25 de junho de 2013

"Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu", Andrea Wulf



Título: "Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu"
Autor: Andrea Wulf
Editora: Paz & Terra
  
A cada cento e poucos anos três corpos celestes - Sol, Terra e Vênus - se alinham, gerando o que ficou conhecido como Trânsito de Vênus. Na verdade o ciclo atual é de 105,5 anos, um intervalo de 8 anos e depois outro intervalo de 121,5 anos.
O último trânsito ocorreu em junho de 2004 e em junho de 2012, o próximo apenas em 2117 e 2125. Provavelmente que não viu estes dois últimos nunca mais verá. Eu fui um deles. Que não viu.
O trânsito é como que um eclipse, no qual Vênus passeia por dentro do Sol, o que dura em geral menos que 24 horas desde a entrada até a saída.
E por que um livro sobre isso?
Por que influenciou diversos ramos da ciência e principalmente moldou uma nova forma de se fazer ciência.
Este livro conta a história das duas passagens que ocorreram em 1761 e 1769, que foram previstas pelo famoso astrônomo Edmond Halley, que morreu antes delas ocorrerem, em 1742.
O interesse de Halley no Trânsito de Vênus surgiu de sua tentativa de calcular a distância entre o Sol e a Terra feita com base no transito de Mercúrio ocorrido em 1676. Halley observou que não conseguiria fazer esta medição com este planeta, mas que isto seria possível com Vênus.
De posse das previsões de Halley, diversos cientistas no mundo todo – no meio de guerras e outras disputas – buscaram diferentes localidades a fim de fazer as medições do tempo entre a entrada de Vênus no Sol, o trânsito e a saída.
Nesta busca - que envolveu vaidade, curiosidade, poder econômico, desenvolvimento científico e muita luta política - várias melhorias científicas ocorreram, tais como o desenvolvimento de melhores telescópios, as medições de localização de diversos pontos na Terra, estudos paralelos de botânica, geografia, cartografia, e outros.
A Royal Society, bem como outras sociedades científicas, mandaram representantes para estas locações, em aventuras às vezes mal sucedidas.
O resultado final da tentativa de 1761 não foi muito bom, devido a imperfeições nas medições, ao mal tempo, e à grande variação obtida nos resultados.
Novamente em 1769 a ideia foi encampada por diversos governantes, dente eles o Rei da Inglaterra e Catarina da Rússia, os quais financiaram novas viagens novamente com fins científicos e para reafirmar a grandeza dos reinos.
Dois fatos interessantes. Nesta ocasião ocorreu a primeira viagem do Capitão Cook, tendo chegado ao Taiti – então não conhecido – para fazer as medições.
E o outro fato foi a vida de um sujeito chamado Guillaume Le Gentil, ele participou das duas expedições, viajou por 8 anos no total, foi declarado morto, perdeu esposa e bens, e no final não conseguiu fazer a medição em nenhuma das duas oportunidades. Foi um cara extremamente azarado, sem nunca ter desistido (pelo menos é o que pareceu no livro, mas quero ler alguma biografia dele, deve existir, seria imperdível).
O livro é muito bom, fácil de ler e interessante, além de mostrar como eram as relações entre ciência e política.

Boa leitura e bons ventos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Longitude", Dava Sobel



Título: "Longitude"
Autor: Dava Sobel
Editora: Companhia das Letras

Comprei este livro na Amazon faz um tempo, e li no ano passado. Quando resolvi escrever sobre ele - não sei por qual razão - dei uma olhada no Buscapé e tive a boa surpresa de ver que o livro fora traduzido e lançado no Brasil pela Companhia das Letras, dentro da coleção Companhia de Bolso.
Este pequeno livro conta a história das dificuldades existentes no passado para se determinar a Longitude no mar e a longa e violenta busca pela solução deste problema.
Em 1714 o Parlamento Inglês criou o por meio do chamado Parliament Act o Board of Longitude e ofereceu um vultoso prêmio para que descobrisse um método simples e prático para determinação da longitude de uma embarcação no mar.
Dois homens se destacaram na busca por esta solução, o relojoeiro John Harrison  e  o então Astrônomo Real que administrava o Observatório Real de Greenwich, chamado Nevil Maskelyne.
John Harrison  levou mais de 50 anos trabalhando na construção do cronômetro quase perfeito. A cada um  que ele criou passaram-se até 10 anos de trabalho intenso na tentativa de melhorar o anterior.
Já Nevil Maskelyne defendia o método lunar para a definição da longitude como sendo o mais preciso, alegando que os cronômetros de John Harrison eram imprecisos. Neste livro Nevil Maskelyne é retratado meio que como um vilão, contudo, em outro livro que li, que trata da corrida pra medir a distância entre a Terra e o Sol, ele é retratado como um grande cientista.
Bem, em resumo, um belo livro que conta a história de uma aventura científica que revolucionou a navegação ao dar uma precisão até então inexistente.
Boa leitura e bons ventos !

Ps.: dei uma pesquisada na Amazon sobre outros livros do Dava Sobel e acabei achando um filme com o Jeremy Irons sobre o livro Longitude, vejam em:
http://www.amazon.com/Longitude-Michael-Gambon/dp/B00004U2K1/ref=sr_1_7?ie=UTF8&qid=1372249555&sr=8-7&keywords=dava+sobel

Outros dois livros dele que me pareceram interessantes foram: "A More Perfect Heaven: How Copernicus Revolutionized the Cosmos" e "Galileo's Daughter: A Historical Memoir of Science, Faith, and Love".

sexta-feira, 7 de junho de 2013

"A Voyage for Madmen", Peter Nichols



Título: "A Voyage for Madmen"
Autor: Peter Nichols
Editora: Harper Perennial

Aproveitando minha animação em fazer os últimos posts, agora vou falar de um livro que não li (mais um) e que me foi indicado como sendo um dos melhores sobre a histórica e fatídica Golden Globe Challenge de 1968.
Já falei rapidamente sobre esta regata quando escrevi  sobre o livro "O Longo Caminho" do Bernard Moitessier, que foi um dos participantes.
A Golden Globe foi a primeira regata de volta ao mundo sem escalas e em solitário, dela participaram nove competidores:

Robin Knox-Johnston, com o veleiro Suhaili, único a terminar e ganhador da regata.
Alex Corozzo, com o Gancia Americano.
John Ridgway, com o English Rose IV.
Chay Blyth, com o Dyticus.
Loïck Fougeron, com o Captain Browne.
Leslie King, com o Galway Blazer II.
Nigel Tetley, com o Victress.
Bernard Moitessier, com o Joshua.
Donald Crowhurst, com o Teignmouth Electron, que desapareceu no mar.

Numa época em que não havia eletrônica embarcada, e que apenas alguns barcos possuíam um simples rádio, a luta destes homens para conseguir realizar esta circunavegação sem escalas foi trágica e permeada de sacrifícios e sofrimentos.

Quer dizer, talvez não para o Bernard Moitessier, pois apesar de alguns grandes problemas, no final das contas a viagem dele não teve nada de trágica, pelo contrário, ele gostou tanto que não quis terminar a viagem e seguiu em frente.

Mas a história individual de cada um destes velejadores daria um livro, e de fato algumas delas deram ótimos livros, às vezes escritos pelos próprios, às vezes escritos por outros.

A vida de Peter Nichols, autor do "A Voyage for Madmen", já é por si só uma bela história, tendo feito os mais diversos tipos de trabalho, escrito roteiros par ao cinema, morado em um veleiro e navegado bastante, vindo a se tornar um escritor de relativo sucesso, e professor universitário de "escrita criativa" (aqui no Brasil não é muito comum, mas nos EUA há uma longa tradição de cursos sérios para se aprender a escrever, normalmente chamados de "creative writing").

Alguém já leu?
Aos que quiserem o livro está disponível na Amazon.
Não achei nada do Peter Nichols em português, mas outro livro dele que pode interessar é o "Sea Change: Alone Across the Atlantic in a Wooden Boat", que como o título diz, conta a história da travessia do Atlântico que ele fez em solitário em um barco de madeira. Não sei se foi nesta travessia, mas na última delas ele naufragou.

Boa leitura e bons ventos!




quinta-feira, 6 de junho de 2013

"A Pior Viagem do Mundo", Apsley Cherry-Garrard



Título: "A Pior Viagem do Mundo"
Autor: Apsley Cherry-Garrard
Editora: Companhia das Letras

Li este livro logo após a leitura do "O Ultimo Lugar da Terra - A Competição Entre Scott e Amundsen pela Conquista do Polo Sul", do Roland Huntford.
Como eu havia falado, pela leitura deste livro do Huntford eu me tornei um forte adepto de Amundsen (era o Fla x Flu da chegada ao Polo Sul: Scott x Amundsen).
Mas como tempo e com a leitura de outras fontes eu hoje tenho minhas dúvidas sobre as tão alardeadas deficiência do Scott.
Apsley Cherry-Garrard, autor do livro em comento, participou com apenas 24 anos ativamente da expedição Terra Nova em que Scott morreu, tendo conseguido sobreviver por não ter participado com Scott do ataque ao Polo.
O livro trás uma visão diferente sobre Scott e sobre as grandes dificuldades que ele teve em sua viagem.
Diferentemente do Huntford que é um escritor e que não esteve presente nas expedições, Cherry-Garrard viveu cada minuto das experiências no Polo, e as descreve em primeira pessoa, como fonte primária.
Contudo, nunca se deve acreditar piamente em fontes primárias, o ser humano não é muito confiável quando conta histórias sobre si próprio.
De toda forma, o livro é muito bom e bem escrito.
Foi considerado pela National Geographic como o primeiro entre os melhores cem livros sobre aventuras e expedições já escritos.
Quem tiver curiosidade sobre as diferenças entre as expedições de Scott e Amundsen, sugiro além da leituras dos dois livros acima citados que deem uma olhada neste link da wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Comparison_of_the_Amundsen_and_Scott_Expeditions

Boa leitura e bons ventos !





"Aventuras no Mar", Helio Setti Jr



Título: "Aventuras no Mar"
Autor: Helio Setti Jr.
Editora: L&PM

Hélio Setti Jr. morreu em 1994, aos 39 anos. Difícil começar a ler um livro sabendo de antemão a morte absurda e repentina do protagonista. Pior, de um protagonista que durante a leitura deixa de ser o autor de um livro sobre sua viagem e passa a ser como que um amigo.
O subtítulo do livro é "Andanças, amores e peripécias de um velejador boa-praça". De fato após a leitura do livro, não há uma definição do Hélio melhor do que chamá-lo de boa-praça.
Engraçado como mesmo sabendo durante a leitura que o Hélio havia falecido, como torcemos a todo momento por ele, como vivemos junto com ele suas aventuras, como sentimos em certos momentos suas sensações.
O livro não trata de nenhum grande navegador, de nenhum grande homem que tenha conseguido algum grande feito. Não. O livro trata de um cara gente boa que sai pelo mundo velejando, que tem uma grande sensibilidade, uma verdadeira curiosidade e uma humanidade acima da média.
Não esperem grandes revelações, nem instruções de vela e de navegação, mas talvez uma aula de vida.
Seus encontros com populações nativas de diversos lugares no Pacífico mostra um respeito pelas pessoas que raras vezes encontramos. Repetindo, humanidade.
E além disto com boas histórias das viagens, com sustos homéricos, com grande respeito ao mar e o amor ao barco dele, o Vagau ("O Vagabundo"), como ele chamava.
Um livro que vale cada segundo a leitura, que se termina com o coração apertado, por saber que o Hélio não está mais entre nós.
Boas leituras e bons ventos.







terça-feira, 28 de maio de 2013

"A Volta ao Mundo em um 12 Pés", de Serge Testa



Título: "A Volta ao Mundo em um 12 Pés"
Autor: Serge Testa
Editora: Iluminuras

Em homenagem a um post que acabei de ler no blog do Cusco Baldoso (http://veleirobaldoso.blogspot.com.br/) resolvi escrever sobre um livro que não li, mas sobre o qual fique bastante curioso.
O livro conta a história do velejador australiano Serge Testa que em 1984 partiu de Brisbane na Austrália para dar a volta ao mundo em seu veleiro de 12 pés chamado Acrohc Australis.
Após mais de 27 mil milhas ele retornou ao ponto de partida em 1987, gastando um total de 500 dias. Esta viagem lhe garantiu um lugar no livro dos recordes como tendo realizado a circunavegação com o menor barco até aquele momento. Se não me engano este recorde ainda não foi batido.
Será que alguém se anima de fazer isso num 11 pés?
O barco Acrohc Australis, conhecido apenas como Acrohc, foi projetado e construído em alumínio pelo próprio Serge, tendo como objetivo ser quase indestrutível e insubmergível, qualidades estas muito necessárias para completar seu itinerário, afinal, além de ultrapassar os grandes oceanos do mundo, ele cruzou o Cabo da Boa Esperança.
E pelo que pude apurar sem ter lido o livro, ele pegou um mar próximo à Cidade do Cabo com ventos de mais de 50 nós e ondas de mais de 10 metros. E sobreviveu...
Nada mal para um veleiro de 12 pés.
O Acrohc hoje está no Queensland Cultural Centre, localizado na cidade de Brisbane.
Outra curiosidade é que o Serge nasceu na França, sendo filho de pais italianos, e os pais imigraram para o Brasil onde ele passou sua infância, retornando à França na sua juventude e por fim indo para a Austrália em busca de "praias bonitas".
Fiquei realmente com vontade de ler este livro, afinal numa época em que "mais" é sempre melhor, é sempre o desejado, se deparar com uma pessoa que fez uma viagem destas num barco deste tamanho é algo no mínimo fora do comum.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

"Cem Dias Entre Céu e Mar", Amyr Klink



Título: "Cem Dias Entre Céu e Mar"
Autor: "Amyr Klink"
Editora: Companhia das Letras (atual)

Parece redundante falar sobre o Amyr Klink. Talvez ele seja o navegador brasileiro mais reconhecido pelo grande público, e mais ainda pelos amantes do mar.
Seu reconhecimento não é por acaso, ele de fato realizou alguns feitos memoráveis, além de ser um grande incentivador e entusiasta das viagens, da região polar, dos barcos, da construção naval etc.
Talvez apenas um preconceito meu, mas acho que a superexposição dele na mídia gerou algum prejuízo na sua imagem.
Mas é só impressão mesmo, pois quando paro para ler ou reler algo que o Amyr escreveu sempre volto a admirá-lo. Muito.
Além de ser um ótimo escritor, Amyr demonstrou em todas suas expedições bastante coragem, capacidade de planejamento e estudo das condições do local onde iria.
Pode parecer que todas suas viagens foram fáceis de serem organizadas, mas pelos livros se confirma que os percalços foram muitos, com problemas de logística e financeiros, como qualquer desses projetos trás.
Vide também como exemplo as construções dos barcos do Éric Tabarly, os Pen Duick’s . Duas histórias de como a força de vontade pode muitas vezes fazer a roda rodar, mesmo que o terreno seja acidentado.
Escolhi este livro dele para meu primeiro post por ter sido de fato o primeiro que li e o primeiro que ele escreveu. Utilizei na foto da capa a edição que tenho, do antigo Círculo do Livro, que devo ter comprado em 1990 mais ou menos.
O livro trata da travessia do Atlântico em solitário a remo, em um pequeno barco de quase 6 metros chamado IAT, que hoje faz parte do acervo do Museu Nacional do Mar - Embarcações Brasileiras, localizado em São Francisco do Sul, Santa Catarina, no qual já estive e que recomendo a visita.
Amyr saiu em 10 de junho de 1984, de Lüderitz, na Namíbia, com destino ao Brasil, numa viagem que durou – como diz o título do livro – cem dias.
Uma das características do IAT de que me lembro bem era de que ao invés de se projetar um barco que não virasse, Amyr em função das condições de tempo e mar que possivelmente pegaria, optou por um barco que virasse com facilidade, mas que também – e mais importante – desvirasse muito rapidamente. Assim, em situações de mar muito complicado ele poderia se fechar no barco – fazendo alguns giros esperados – a fim de esperar a tormenta passar.
Realmente não me lembro se isto chegou a acontecer durante a viagem, mas foi uma solução que me marcou na época que li.
Com certeza postarei aqui outros livros dele, todos os que li são muito bons.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

"Navegar é Fácil", Geraldo Luiz Miranda de Barros






Título: Navegar é Fácil
Autor: Geraldo Luiz Miranda de Barros
Editora: Catedral das Letras



Acabo sempre aqui chamando os livros de clássicos, mas será que não é por eu ter começado a escrever sobre eles? Bem, não sei, mas sei que este livro é de fato um clássico do ensino das ciências náuticas aqui no Brasil.
Tenho a impressão de que todo mundo conhece este livro, e que seria mais do que redundante escrever qualquer coisa sobre ele, mas me proponho aqui a ir aos poucos falando de todos os livros que conheço ou de que ao menos tenho notícia ligado a literatura náutica, por isto gastarei algumas linhas.
Não sei ao certo qual foi a primeira vez que vi este livro, mas tenho certeza que era de meu pai e que era de uma edição bem antiga. Nestes dias resolvi adquirir uma nova edição, entrei em contato com o autor pelo site dele e recebi pelo correio a 13º Edição, com capa retrô, mas com conteúdo igual ao da 12º. O autor editou desta vez pela Editora Vozes, saindo da Catedral das Letras.
Foi uma sensação interessante ler alguns trechos que eu já havia lido quando criança, perceber que algumas das figuras que me intrigavam estavam lá, só faltou sentir o cheiro de livro velho, meio mofado, como o de meu pai.
O livro trata desde as normas da autoridade marítima até noções de meteorologia, sobrevivência e segurança no mar, passando pelo estudo das âncoras, da marés, do famoso RIPEAM (Regulamento Internacional para Evitar Abalroamentos no Mar), de como se utilizar uma carta náutica, dentre vários outros assuntos.
Confesso que às vezes acho o livro muito esquemático e meio longe da realidade, mais direcionado a um público da marinha mesmo do que ao navegador amador do dia a dia. Todavia, reconheço que há uma série de informações relevantes no livro, além de ser uma das melhores bases para quem deseja fazer a prova de Arrais Amador.
O autor, Geraldo Luiz Miranda de Barros, Capitão de Mar-e-Guerra da Marinha Brasileira, tem um inegável conhecimento de assuntos relativos a navegação, tendo editado diversos outros livros correlatos a este.
No livro que comprei agora ele me fez uma dedicatória na qual salienta os prazeres do mar, mas faz uma ressalva para que sempre se navegue com segurança.
Sábias palavras.

Complementando o post e sem o menor interesse, apenas para ajudar quem quiser comprar a 13º Edição do livro diretamente com o autor, segue o link do site dele e o e-mail:

Site: http://www.navegarefacil.com.br/
E-mail: geraldomiranda@globo.com

quinta-feira, 9 de maio de 2013

"Regulagem de Velas", Ivar Dedekam

Livros Regulagem de Velas - Ivar Dedekam (858874208X)

Título: "Regulagem de Velas"
Autor: Ivar Dedekam
Editora: Andrea Jakobsson Estudio Editorial Ltda

Comprei este livro esta semana. Confesso que ainda não li, mas já dei uma boa folheada e gostei bastante.
Vi diversas indicações para a compra dele, que seria uma boa teoria de regulagem de velas.
Outra que vi também é um livro americano com artigos sobre velas que depois eu irei posta aqui.
O site do autor tem algumas informações, para quem se interessar: http://www.dedekam.com/velas-brazil.html
Vamos ver se esta teoria vai me ajudar ou não.
Sei que a prática é que faz a diferença, mas não resisto a uma teoria.
Talvez isto embote um pouco meus sentidos, tire de mim a espontaneidade do aprendizado.
Por outro lado, existem coisas que não conseguimos evitar. Quando entro em conjtato com um assunto sempre busco ler sobre ele e tentar entender a teoria por trás, a história, os fundamentos.
Talvez seja por isto que as crianças aprendam com tanta facilidade, elas não estão nem aí para as razões, elas só querem curtir.
E eu, fico aqui, pensando, pensando, e fazendo pouco, e me arriscando pouco.
Coisas da vida...mas aos poucos eu vou indo, talvez esta viagem relaxada, devagar, pelas beiradas seja meu jeito de fazer as coisas. E talvez a chegada não seja, por impossível, a parte mais importante.
Alguém já leu este livro? O que achou? Recomenda algum outro?


segunda-feira, 6 de maio de 2013

"Polaris - A História de Intriga e Assassinato na Fatídica Expedição Americana ao Pólo Norte", de Richard Parry

Livros Polaris - a História de Intriga e Assassinato na Fatídica Expedição Americana ao Pólo Norte, Em 1871 - Parry, Richard (858864715X)

Título: "Polaris - A História de Intriga e Assassinato na Fatídica Expedição Americana ao Pólo Norte"
Autor: Richard Parry
Editora: Landscape Editora

Esse é um livro sobre o qual vi muito pouca referência nas minha andanças por sebos, sites e livrarias.
Achei-o por acaso em um sebo no centro de São Paulo, em ótimo estado por sinal. E como tratava de um assunto que me interessa arrisquei a compra e não me arrependi.
O livro conta a história da expedição norte-americana Polaris, que em 1871 tentou ser a primeira a alcançar o Polo Norte, não tendo contudo obtido exito.
O que mais chama atenção nesta história foi a morte do capitão do navio no meio da viagem, sendo que anos depois se confirmou que ele fora envenenado por arsênico.
Havia muita rivalidade entre o corpo técnico e a tripulação do navio, talvez daí tenha vindo a causa da insubordinação e do envenenamento.
Parte da tripulação ficou à deriva em uma placa de gelo por mais de seis meses, passando extrema necessidade, fome e frio. Uma cena que não me sai da memória foi a de os tripulantes comerem o couro das roupas e utensílios no desespero de matar a fome no meio do gelo.
O navio Polaris naufragou e a outra parte da tripulação, após um inverno no gelo e muito sofrimento, também foi salva.
Um belo livro sobre uma expedição pouco conhecida.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

"O Último Lugar da Terra", Roland Huntford



Título: "O Último Lugar da Terra"
Autor: Roland Huntford
Editora: Companhia das Letras

Este é um dos melhores livros que li nos últimos tempos, não apenas por contar a história da primeira expedição que alcançou o Polo Sul geográfico, mas por descrever a disputa entre dois grandes homens pelo mesmo objetivo, fazendo ainda um panorama geral das expedições à Antártica.
Logo de início saliento que sou suspeito acerca das minhas opiniões sobre livros relativos à Antártica, pois desde criança sou um apaixonado por este continente. Fiz inclusive uma viagem para lá em 2009, saindo de Ushuaia. Resumindo, foi inesquecível.
Curiosidade: o barco que fui, chamado "Lyubov Orlova", é hoje considerado um barco fantasma vagando pelo Atlântico Norte, uma história fantástica, vejam em: http://whereisorlova.wordpress.com/
Voltando ao livro, ele conta a história da disputa para ser o primeiro homem a chegar ao Polo Sul empreendida entre o inglês Robert Falcon Scott e do norueguês Roald Amundsen.
O livro detalha desde a preparação, que foi muito importante, até a jornada final no gelo, conseguindo numa prosa muito agradável descrever todo o esforço feito por homens em condições extremas, sem quase nenhuma das tecnologias que conhecemos hoje em dia.
Uma ressalva, o autor toma fortemente partido de Amundsen nesta história, chegando às vezes a ridicularizar Scott. Todavia, algumas outras fontes dão uma ideia bem diferente de quem foi Scott, de que apesar do resultado desta disputa, ele teria sido um grande homem, sendo até hoje reverenciado na Inglaterra.
Engraçado, eu passei a respeitar mais o Scott após ler um livro que não tem nada a ver com a Antártica, mas que nos faz conhecer melhor a alma inglesa, pelo menos do início do século vinte. Este livro foi o "Lord Jim" do Conrad, que, lógico, recomendo a leitura.
De qualquer forma, Amundsen passou a ser um exemplo para mim após ler este livro. Uma força de vontade enorme aliada a uma grande capacidade de planejamento.
Além disto, ele demonstrou ter grande humildade para entender que precisava aprender habilidades específicas para sua viagem com que as dominava, não tendo a prepotência de achar que sabia mais que outras pessoas, mesmo que mais simples que ele.
O livro traça a fotografia de um grande homem.
Vale muito a leitura.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Complete Illustrated Sailboat Maintenance Manual", de Don Casey



Título:"Don Casey's Complete Illustrated Sailboat Maintenance Manual: Including Inspecting the Aging Sailboat, Sailboat Hull and Deck Repair, Sailboat Refinishing, Sailbo"
Autor: Don Casey
Editora: International Marine/Ragged Mountain Press

Já modificando minha ideia inicial de primeiro falar de cada um dos livros que tenho, para então me aventurar pelos que além de não ter lido, ainda não comprei, este post é sobre um livro que achei na Amazom, não me recordo bem como, mas que me pareceu interessante.
Muito embora eu não seja a pessoa mais capacitada do mundo para fazer manutenções, reparos e construções, sou fascinado com metodologias, equipamentos e, principalmente, funcionamento de qualquer coisa.
Talvez por isto que gostei tanto deste livro, ele trás um apanhado geral sobre todas as partes de um veleiro que estão sujeitas à manutenção, como fazê-la, dicas, etc.
A graça do site da Amazom é que você consegue não só ver o sumário do livro, mas também partes do texto. Além disso, têm os comentários e as avaliações feitas pelos leitores.
Tudo bem que estas avaliações nem sempre retratam a nossa realidade, pois são feitas em geral por americanos e, principalmente, são às vezes feitas mediante certos “agrados”, como já divulgado pela imprensa americana. Mas o que importa é que acaba sendo uma boa referência para o livro, se não tivermos outra.
Enfim, um livro que me atrai pelo assunto, pelo formato e pelo conteúdo disponibilizado.
O autor escreveu diversos outros livros, todos nesta linha do “faça você mesmo” e todos ligados a barcos.
Se alguém se interessar, o link na Amazom é este aqui.
Não custa perguntar, Alguém conhece o livro ou o autor?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Fontes


Estava aqui pensando com meus botões: quais são minhas fontes para este blog?
De onde tiro a ideia para os livros?
Bem, os dois primeiros são fáceis, eu acabei de lê-los. Se bem que o do Moitessier eu já havia lido faz uns 20 anos.
E agora, quais livros colocar?
Tenho em casa pelo menos uns 30 livros ligados a viagens e expedições marítimas. Meu caminho será por estes livros.
Mas prevejo que no meio desta lista acabarei achando outros livros. Alguns por indicação feita pelos próprios autores dos livros que leio, o Moitessier indica vários livros no “O Longo Caminho”, outros por curiosidade pura e simples, meio que por esbarrão.
Além disto, tenho uma lista de livros para comprar que serão objeto deste blog, a maioria em português, mas um bom tanto achado na Amazom em inglês.
E fica a ideia de qualquer pessoa que leia este blog que indicar algum livro para eu colocar aqui, é só mandar no campo dos comentários.

"O Longo Caminho”, de Bernard Moitessier




Título: “O Longo Caminho”
Autor: Bernard Moitessier
Editora: Edições Marítimas

Este livro, junto com o anteriormente postado, completa o dueto de maiores clássicos contemporâneos da literatura náutica.
Como li em algum lugar, Bernard Moitessier é o herói dos cruzeiristas, enquanto Eric Tabarly seria o herói dos regatistas.
Classificações à parte, “O Longo Caminho” além de muito bem escrito nos conta a participação do autor na primeira regata de volta ao mundo sem escalas e em solitário, a Golden Globe Challenge, e sua posterior desistência de concluí-la para terminar de outra forma sua jornada, ou como ele se refere, seu longo caminho, indo para o Tahiti.
Nesta viagem ele saiu em solitário de Plymouth na Inglaterra e nos dez meses seguintes, sem nenhuma escala, passou pelo Cabos da Boa Esperança na Africa do Sul, depois atravessou o Índico e cruzou o Cabo Leeuwin na Austrália, atravessou o Pacífico e cruzou o Cabo Horn, depois o Atlântico Sul e novamente o Cabo da Boa Esperança, o Índico, o Cabo Leeuwin e por fim, terminou a viagem no Tahiti.
O livro começa de forma mais técnica, com os preparativos e com os detalhes do início da viagem. No decorrer dos meses que duraram a viagem, o autor passa a demonstrar cada vez mais desgosto com a sociedade ocidental, terminando por desistir da regata e partir para a Ilha de Moorea no Tahiti, por isto a segunda passagem no Cabo da Boa Esperança e no Leeuwin.
O autor provavelmente seria o ganhador da regata, pois estava à frente do segundo colocado que acabou ganhando, Robert Knox-Johnston, o qual tinha partido alguns dias antes, por ter um barco menor.
Embora o autor faça referencia a si próprio como sendo pouco técnico, como mais ligado à natureza e a seus instintos, conversando e cativando os bichos pelo caminho, ele demonstra que fez o planejamento da viagem com muito cuidado, tendo um conhecimento bastante acurado do regime de ventos e dos mares de todas as regiões que passou.
A leitura é muito agradável, com muitas informações técnicas aproveitáveis, tendo inclusive um anexo técnico ao final.
Da mesma forma que Eric Tabarly, o barco de Bernard Moitessier se tornou um ícone da navegação.
Batizado de Joshua, em homenagem ao Capitão Joshua Slocum, que fez a primeira circunavegação solo da história, era um barco construído em aço, de aproximadamente 39 pés, com dois mastros.
Durante sua viagem capotou quatro vezes, sem grandes prejuízos.
Além de tudo, era um belo barco.




quarta-feira, 24 de abril de 2013

'Memórias do Mar", de Eric Tabarly



Título: Memórias do Mar
Autor: Eric Tabarly
Editora: Edições Marítimas

Este certamente é um dos grandes clássicos da literatura náutica, pelo menos da literatura náutica contemporânea.
O francês Eric Tabarly foi um dos maiores velejadores de todos os tempos, tendo participado e se sagrado campeão de várias regatas solo de longa distância, tais como a Transat, a Sydney-Hobart e a Fastnet, entre outras.
Seus feitos e sua personalidade impulsionaram uma geração de franceses para o esporte. Seus barcos, quase todos batizados de Pen Duick, tornaram-se quase mitológicos.

Neste livro de teor bibliográfico ele conta a história de sua vida, com algumas longas passagens descrevendo suas regatas e as dificuldades em levantar dinheiro para construir e reformar seus barcos. Ele se declara em diversas situações tendo como único interesse na vida as regatas e os barcos.

Quando mais velho, casa-se e tem uma filha, mas continua a velejar esportivamente.
Morreu em 1998 ao ser jogado ao mar em uma regata. Ele nunca usava cinto de segurança.
Quanto ao livro em si, não é uma grande peça de literatura, mas é uma leitura imperdível.

O começo

Já tive diversos interesses na minha vida. Alguns passaram rápidos, outros duraram diversos anos.
Mas quando olho com cuidado para trás vejo que apenas duas coisas se mantiveram naquela região de nossas mentes em que sempre estamos em contato, ainda quando o foco é outro.
Estas duas coisas são meus interesses pela literatura e pelo mar.
Meu gosto pelo mar é anterior à literatura, também pudera, um moleque de pouca idade não vê muita graça em livros, embora eu devorasse gibis.
E eu vivia em Angra dos Reis: pescava, velejava, mergulhava, vivia num barco (no caso num bote minúsculo). Minha mão cheirava a peixe o tempo todo.
Já meu interesse pela literatura, pode-se dizer, nasceu do mar, pois meus primeiros dois livros - ambos ainda comigo - foram um manual de pesca de linha e um livro sobre caça submarina, eu li os dois milhares de vezes.

Desde então muitos livros e muitas histórias se passaram, interesses paralelos e mudanças de rumos.
Daí que resolvi criar este blog, uma tentativa de conjugação de gostos: o mar e a literatura.
Minha ideia não é aqui tratar apenas de livros ligados ao mar, mas este é o ponto de partida.
Eventualmente comentarei sobre outros assuntos e sobre outros interesses.

Faço apenas uma ressalva: não sou crítico, não sei fazer crítica literária. Sou apenas uma pessoa que adora ler e que pretende com este blog dividir algumas migalhas.
E também não li todos os livros que pretendo colocar aqui, pelo contrário.

Como diz um grande amigo: "algumas coisas nós sabemos como começa, mas nunca como acaba...".

Espero que a viagem seja boa.