terça-feira, 25 de junho de 2013

"Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu", Andrea Wulf



Título: "Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu"
Autor: Andrea Wulf
Editora: Paz & Terra
  
A cada cento e poucos anos três corpos celestes - Sol, Terra e Vênus - se alinham, gerando o que ficou conhecido como Trânsito de Vênus. Na verdade o ciclo atual é de 105,5 anos, um intervalo de 8 anos e depois outro intervalo de 121,5 anos.
O último trânsito ocorreu em junho de 2004 e em junho de 2012, o próximo apenas em 2117 e 2125. Provavelmente que não viu estes dois últimos nunca mais verá. Eu fui um deles. Que não viu.
O trânsito é como que um eclipse, no qual Vênus passeia por dentro do Sol, o que dura em geral menos que 24 horas desde a entrada até a saída.
E por que um livro sobre isso?
Por que influenciou diversos ramos da ciência e principalmente moldou uma nova forma de se fazer ciência.
Este livro conta a história das duas passagens que ocorreram em 1761 e 1769, que foram previstas pelo famoso astrônomo Edmond Halley, que morreu antes delas ocorrerem, em 1742.
O interesse de Halley no Trânsito de Vênus surgiu de sua tentativa de calcular a distância entre o Sol e a Terra feita com base no transito de Mercúrio ocorrido em 1676. Halley observou que não conseguiria fazer esta medição com este planeta, mas que isto seria possível com Vênus.
De posse das previsões de Halley, diversos cientistas no mundo todo – no meio de guerras e outras disputas – buscaram diferentes localidades a fim de fazer as medições do tempo entre a entrada de Vênus no Sol, o trânsito e a saída.
Nesta busca - que envolveu vaidade, curiosidade, poder econômico, desenvolvimento científico e muita luta política - várias melhorias científicas ocorreram, tais como o desenvolvimento de melhores telescópios, as medições de localização de diversos pontos na Terra, estudos paralelos de botânica, geografia, cartografia, e outros.
A Royal Society, bem como outras sociedades científicas, mandaram representantes para estas locações, em aventuras às vezes mal sucedidas.
O resultado final da tentativa de 1761 não foi muito bom, devido a imperfeições nas medições, ao mal tempo, e à grande variação obtida nos resultados.
Novamente em 1769 a ideia foi encampada por diversos governantes, dente eles o Rei da Inglaterra e Catarina da Rússia, os quais financiaram novas viagens novamente com fins científicos e para reafirmar a grandeza dos reinos.
Dois fatos interessantes. Nesta ocasião ocorreu a primeira viagem do Capitão Cook, tendo chegado ao Taiti – então não conhecido – para fazer as medições.
E o outro fato foi a vida de um sujeito chamado Guillaume Le Gentil, ele participou das duas expedições, viajou por 8 anos no total, foi declarado morto, perdeu esposa e bens, e no final não conseguiu fazer a medição em nenhuma das duas oportunidades. Foi um cara extremamente azarado, sem nunca ter desistido (pelo menos é o que pareceu no livro, mas quero ler alguma biografia dele, deve existir, seria imperdível).
O livro é muito bom, fácil de ler e interessante, além de mostrar como eram as relações entre ciência e política.

Boa leitura e bons ventos.

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