Título: "Os Caçadores de Vênus - A Corrida Para Medir o Céu"
A cada cento e poucos anos três corpos
celestes - Sol, Terra e Vênus - se alinham, gerando o que ficou conhecido como Trânsito de Vênus. Na
verdade o ciclo atual é de 105,5 anos, um intervalo de 8 anos e depois outro intervalo
de 121,5 anos.
O último trânsito ocorreu em junho de 2004 e em junho de
2012, o próximo apenas em 2117 e 2125. Provavelmente que não viu estes dois
últimos nunca mais verá. Eu fui um deles. Que não viu.
O trânsito é como que um eclipse, no qual Vênus passeia por
dentro do Sol, o que dura em geral menos que 24 horas desde a entrada até a saída.
E por que um livro sobre isso?
Por que influenciou diversos ramos da ciência e principalmente moldou uma nova forma de se fazer ciência.
Este livro conta a história das duas passagens que ocorreram
em 1761 e 1769, que foram previstas pelo famoso astrônomo Edmond Halley, que morreu
antes delas ocorrerem, em 1742.
O interesse de Halley no Trânsito de Vênus surgiu de sua
tentativa de calcular a distância entre o Sol e a Terra feita com base no transito
de Mercúrio ocorrido em 1676. Halley observou que não conseguiria fazer esta
medição com este planeta, mas que isto seria possível com Vênus.
De posse das previsões de Halley, diversos cientistas no
mundo todo – no meio de guerras e outras disputas – buscaram diferentes localidades
a fim de fazer as medições do tempo entre a entrada de Vênus no Sol, o trânsito
e a saída.
Nesta busca - que envolveu vaidade, curiosidade, poder econômico,
desenvolvimento científico e muita luta política - várias melhorias científicas
ocorreram, tais como o desenvolvimento de melhores telescópios, as medições de localização
de diversos pontos na Terra, estudos paralelos de botânica, geografia,
cartografia, e outros.
A Royal Society, bem como outras sociedades científicas, mandaram
representantes para estas locações, em aventuras às vezes mal sucedidas.
O resultado final da tentativa de 1761 não foi muito bom,
devido a imperfeições nas medições, ao mal tempo, e à grande variação obtida
nos resultados.
Novamente em 1769 a ideia foi encampada por diversos
governantes, dente eles o Rei da Inglaterra e Catarina da Rússia, os quais
financiaram novas viagens novamente com fins científicos e para reafirmar a
grandeza dos reinos.
Dois fatos interessantes. Nesta ocasião ocorreu a primeira
viagem do Capitão Cook, tendo chegado ao Taiti – então não conhecido – para fazer
as medições.
E o outro fato foi a vida de um sujeito chamado Guillaume Le
Gentil, ele participou das duas expedições, viajou por 8 anos no total, foi declarado
morto, perdeu esposa e bens, e no final não conseguiu fazer a medição em
nenhuma das duas oportunidades. Foi um cara extremamente azarado, sem nunca ter
desistido (pelo menos é o que pareceu no livro, mas quero ler alguma biografia
dele, deve existir, seria imperdível).
O livro é muito bom, fácil de ler e interessante, além de mostrar
como eram as relações entre ciência e política.
Boa leitura e bons ventos.
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